segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Superstições

Estavam deitados no chão do quarto da irmã dele. Já fazia um bom tempo que esperavam todos os adesivos no teto pararem de brilhar. Olhou para ela. A garota mais divertida com quem já tinha saído. Linda, inteligente, perfeita. Isso se perfeição existisse.
No sábado passado eles se declararam. Pela primeira vez. Estavam mais ou menos como agora. Deitados na grama, olhando pro céu estrelado. Afastados do resto da turma que cantava ao redor da fogueira improvisada.
Olhou novamente para o teto com os vários adesivos. Apenas uma lua e uma estrela persistentes permaneciam brilhando. Aos poucos a lua foi ficando mais clara, até que escureceu. A estrela continuava lá. Ele parou com os devaneios. E voltaram a conversar. Sobre isso, aquilo, etc. e tal.
— Ah, fala sério? Nenhum tipo de superstição?
— Nenhunzinho sequer.
— Gato preto? Bater na madeira? Contar o número das placas? Quebrar espelhos?
— Não, não, não e não.
— Nem nas boas você acredita? Ou naquelas meio personalizadas?
— Personalizadas?
— É, tipo... Ah sei lá. Quando você diz que uma coisa só acontece se outra acontecer, e ela acontece. Sabe?
— Acho que sim. Mas não, nem nessas. — Concluíram que o garoto odiava superstições. Ele riu.
Ficaram em silêncio novamente. Ela encucada com a falta de fé do namorado. Ele observando o teto “estrelado”.
— Lembra quando eu disse que meu amor por você é tão grande que só ia acabar quando a última estrela parasse de brilhar? — Apontou para o último adesivo que resistia, mas começava a sumir.
Escuridão.
— E então? — Ela perguntou.
— É. Nada. O meu amor é mais forte do que isso. Mas acho melhor acender a luz, só pra garantir.
Fazer o que? Ele não gostava de qualquer tipo de superstição.

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